quinta-feira, 26 de maio de 2011

Experiência de vida por F. Ferreira


Quando criei o blog, decidi que iria postar só textos meus, uma vez que confio em minha capacidade de expressão no que se refere aos assuntos com os quais me identifico. E, como essa ferramenta seria mais um espaço “particular de desabafo”, não faria muito sentido a publicação de textos de terceiros. Porém, mais de um ano depois, aqui estou eu disposta a criar a primeira exceção a minha própria regra.

O texto em questão trata-se de um relato intitulado “Experiências de um viajante”, no qual meu amigo Fabrício Ferreira discorre acerca de sua evolução como ser humano com uma sabedoria que só quem tem a visão plena de um viajante apaixonado pelo “viver” é capaz.

Como explicar a sensação estranha de tantos valores compartilhados com alguém que não teve a mesma criação e nem as mesmas lições de vida que você? Com tantas idéias em comum foi natural, ao ler um texto dele, que um pensamento se destacasse em minha mente: “Eu, com certeza, poderia ter escrito isso”. Sem mais explicações, esse é o motivo do post.

...

Sempre acreditei que a curta frase “experiência de vida” terá plena aquisição e sentido em nossas vidas
quando os cabelos embranquecer, as rugas aparecer e ao olhar para o passado, ter a sensação que é algo
remoto e saudoso. Ao ler essa frase, eu carregava o significado que a pessoa teve uma longa e plena
vida, repleta de realizações, objetivos e sonhos conquistados, e claro, não poderiam faltar alguns
infortúnios e erros pelo caminho, mas tudo superado pelo aprendizado, determinação e simplesmente
pela esperança, pela fé e crença de que somos capaz.
Ao conjugar o verbo no passado e citar que carregava esse significado comigo, quer dizer que mudei
meu conceito? Sim, mudei. Cada um tem sua própria “experiência de vida”, contudo é impróprio julgar a
experiência apenas pelos anos vividos, muitos passam a vida inteira se escondendo atrás de murmúrios
e lamentações, preocupados em criticar e julgar com base em suas próprias ideologias, os anos voam e a
experiência adquirida foi de um fruto amargo. Contudo tenho plena convicção em afirmar que
experiência de vida não é resultado do passar de ano, mas sim das lições e do caminho percorrido, não
importando o tempo de duração da jornada.
Ao voltar em um curto espaço de tempo e fazer uma avaliação pessoal, tenho a certeza que meu conceito
de “experiência de vida” seria o mencionado no primeiro parágrafo. Contudo, como poderia continuar
com essa afirmação após tudo que vivi? Das ruas glamorosas de grandes cidades à miséria dos andes
bolivianos; Da soberba de uns à compaixão de um simples camponês peruano que tira o pouco de seu
prato para oferecer a um estranho viajante; Da intolerância racial e religiosa à harmonia entre povos;
Da imposição de idéias através de violência e autoritarismo como na tentativa de golpe de Estado na
Bolívia e no Equador à discussão de forma civilizada e construtiva nas comunidades alternativas pela
América; Das favelas e pessoas abandonadas pelo governo local, controlados pela corrupção e violência à
exemplos de reestrutura e pacificação como na favela Cerro Santa Anna em Guayaquil; Do trabalho com
carteira assinada à abertura do próprio negócio; Do distanciamento de um amigo à descoberta de uma
nova e verdadeira amizade; Da tristeza de um romance acabado à emoção de um novo amor; Do sucesso
de um projeto ao fracasso de outro; Da realização de um sonho à construção de outro sonho maior ainda;
Dos erros cometidos ao aprendizado adquirido.
Sei que tenho apenas 23 anos e estou no começo de uma longa jornada, mas hoje posso dizer, com plena
certeza e convicção que carrego muitas “experiências de vida”, também tenho a humildade e sabedoria
de admitir que o pouco que aprendi e vivi é uma pequena fração, apenas um grão de areia no oceano que
temos a nossa volta. Aprendi que estamos em constante processo de aprendizado e evolução, não
importa se a pessoa seja uma criança ou um velho; branco ou negro; do ocidente ou oriente; rico ou
pobre; católico, protestante ou mulçumano; o importante é ter a grandeza para reconhecer as boas coisas
e o discernimento suficiente para recusar as más, pois cada dia que passar, uma semente do
aprendizado e conhecimento ira germinar, colhendo os frutos da experiência.

Fabrício Ferreira

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