quarta-feira, 18 de maio de 2011

Acerca da saudade

Há exatamente um ano atrás eu dizia que te amava mais que tudo na vida, mas você já não podia me escutar, eu beijei seu rosto e você não sentiu. Não me olhou com os olhos cheio de amor como de costume. Eu não vi mais aquele sorriso tão sincero e bonito que me fascinava. Desde então eu tenho que viver sem a luz da minha vida. E como dói!
Há um ano atrás aqueles olhos repletos de sonhos se fecharam pela última vez e hoje, dizer que eu preciso tanto de você parece infinitamente pequeno perto da imensidão de dor que a sua ausência me causa.
Já se passou um ano desde aquela fatídica madrugada e eu ainda não consigo me conformar. Não posso sequer pensar um segundo que você não vai voltar sem que o desespero me tome. Eu sinto falta não só do pai cuidadoso e exemplar que você foi, sinto falta daquele amigo de longas conversas, do meu companheiro de sonhos, o músico dedicado. Tenho tanta saudade do homem aventureiro, apaixonado, sonhador que tanto me entendia. É tão injusto ter que continuar sem você.
Sabe, embora me envergonhe de confessar eu até cheguei a me distanciar de Deus por não ter visto sua cura, mas no fundo do meu coração eu ouvia a tua voz mansa me dizer pra não desistir, pra lutar até o fim como você lutou. Afinal nós dois vimos a verdadeira obra não é? A música é o nosso milagre.
Ah como eu tenho saudade de falar “pai” e ouvir uma resposta. Que saudade do sentido real desta palavra, da proteção que ela suscita.
Durante esse tempo, eu tenho tentando acertar em tudo, mas tem sido difícil sem seus conselhos. Tem algumas coisas que eu ainda não sei fazer sozinha, eu ainda preciso muito da sua ajuda.
Tantas coisas aconteceram que eu queria te contar, quanta coisa boa que não compartilhamos, quantas lágrimas derramadas que a tua presença teria evitado. Às vezes a saudade dói tanto que eu dobro os meus joelhos e imploro a Deus pra te ver em sonhos. Foi assim no dia dos pais, como se você estivesse aqui, como se nunca tivesse ido embora.
Eu me orgulho muito da educação que me deu, das suas consideráveis “palestras” e “broncas”, mas eu aprendia mesmo era com o seu exemplo. Eu guardo tudo comigo. Só tem uma coisa que não consigo entender. Você me ensinou que a inveja não é um sentimento bom, mas hoje é você o responsável pela existência dela em minha vida... Eu invejo meus aluninhos quando seus pais vêm buscá-los na escola, os que recitam na igreja sob o olhar paternal, e até minhas primas enquanto elas brigam com seu irmão, porque eu sei que isso não vale a pena. Eu sei que se eu tivesse outra chance eu jamais brigaria com você.
Me prometeram que com o tempo a dor iria embora e só ficariam as lembranças daquela época maravilhosa em que compartilhávamos tudo, mas então porque eu vivo todos os dias como se uma faca tivesse sido transpassada em meu coração? De qualquer forma, hoje o meu maior medo é que o tempo te leve de novo, o que eu quero dizer é que eu prefiro viver com o coração sangrando todos os dias da minha vida do que esquecer você.

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